sábado, 19 de maio de 2007

Declaração de amor à uma grande Amor!

Dona Djanira, tem 79 anos, mãe de oito filhos, vó de aproximadamente trinta netos, inclusive desta que aqui escreve, com um pouco mais de 1.50m de altura e corpo franzino é a força da família. Pessoa de respeito á muitos anos segue sua rotina passa a tarde bordando, assistindo TV, cuidando das plantas e saindo de mansinho para ir ao mercado sozinha, o que nos deixa muito preocupados mas é uma figura incrível. Essa senhora miúda, de óculos me faz lembrar muitas coisas que vivi com ela, e olha foram muitas. Seu temperamento enérgico e um humor contido me possiblitaram vivenciar situações engraçadas, interessantes, ou estressantes. Quando eu era pequena, minha rotina diária era chegar à sua casa as 10 horas da manhã querendo almoço e todos os dias ela falava a mesma coisa:
“- Não é hora de almoço” e eu saia resmungando dizendo que não apareceria por lá nunca mais,e assim foi até o dia que mudei com os meus pais e não fui mais mesmo, pelo menos durante a semana..
Por um tempo ela cuidou de mim, enquanto minha mãe trabalhava, diz ela que eu era chorona e que para dormir ela deitava comigo e segurava meu olhos, fico imaginando a cena.
Ainda sinto o cheiro e o gosto das comidas feitas por ela, dos bolinhos fritos de fubá, ou do biscoito de polvilho que ela fazia no domingo de tarde, da sopa batida no liquidificador que só ela fazia, e principalmente da mais sublime combinação - arroz com feijão que sempre foram meus preferidos.
Uma das coisas que eu mais gosto é ouvir as estórias dela, em especial aquela em que ela desafia seu pai para casar com meu avô que seria pai de seus oito filhos, acreditem oito filhos, porém o desafio não parou por aí, ao 33 anos ela ficou viúva, mas como guerreiras não enfraquecem, com força e fé ela seguiu em frente. Até hoje vejo o brilho nos olhos e o amor que ela tem quando fala do meu avô, sobre sua simpatia e beleza. Bravamente ela mantém fiel ao seu amor, e guarda no seu coração as aventuras e a linda estória que viveu com ele enquanto lhe foi permitido. Com o passar dos anos, muitas dobras ela deu na solidão para que o amanhã chegasse sem ele e suportou sua ausência que se tornou cada dia mais presente. É esse amor que mais admiro. Tenho colhido frutos com essa convivência, sua sabedoria, sua força e sua dinâmica me contagiam. Hoje com o saltinho do seu sapato um pouco gasto, ela vive tranqüila e rodeada de afeto pelos filhos. A minha vó declaro meu amor e meu respeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só poderia ser a Dra. Sami mesmo! De uma forma tão querida relatou essa linda e brilhante jornada de vida dessa pessoa que nos orgulha muito. Por eu estar mais próximo dela, posso afirmar a você que ela ficou muita agradecida por essa declaração assim como todos nós.

Anônimo disse...

Apenas quero referir que os valores que uniam a família, estão a ir pelo rio abaixo até ao mar, não sou saudosista, mas deixo aqui um poema sobre o amor à antiga e o amor actual:
AMOR DE PAIS
Com quatro letras apenas
se escreve a palavra amor
e é das palavras pequenas
aquela que tem mais valor!
-
O amor de Pai, é nobreza
que nasce dentro de peito
e é sempre por natureza
aquele amor mais perfeito!
-
o amor de Mãe há só um
e como ele não há igual
até não há mais nenhum
no Mundo e em Portugal!
-
o amor por uma mulher
que seja nossa namorada
não é um amor qualquer
pode ser de nossa amada!
-
da moça que dá os filhos
por ser essa sua natureza
ela é Mãe e tem cadilhos
quantas vezes a pobreza!
-
mas essa pobreza, porém
a leva o dia a trabalhar
para sustentar quem tem
e ter harmonia em seu lar!
-
conheci uma e com oito
moía o milho, a farinha
dava para fazer biscoito
prós filhos que ela tinha!
-
e não paravam suas mós
ai para desfazer seu grão
e deixava seus filhos sós
para ir ganhar o seu pão!
-
e o marido que ela tinha
levava o dia a trabalhar
e podava toda uma vinha
ceifava o trigo até cansar!
-
e os dois à noite a jantar
com os filhos a seu redor
comiam papas, o manjar
que dava o Nosso Senhor!
-
e uma Mãe na nossa era
fresca e parece uma flor
uma flor de Primavera
também tem o seu valor!
-
quantas vezes ela cá cai
por o emprego lhe faltar
mas caindo ela inda vai
todos os filhos alimentar!
-
ajuda-as Meu Pai do Céu
estas Mães com pobreza
Dá-lhes Tu ó Deus Meu
do Céu a maior riqueza!
-
Dá-lhes Teu amor e vida
Tu que morreste por nós
dai-lhes meu Pai guarida
p'ra nunca ter filhos sós!
-
José