domingo, 29 de abril de 2007

futuro do jovem no "brasil"

Bilinha, Barão, Sandro, Anderson, Beatriz estes são alguns jovens vítimas do descaso da sociedade brasileira com a infância e adolescência. Personagens reais, com uma trajetória de vida em comum, pobres, marginalizados, vivendo pelas ruas das grandes cidades, sob tutela de si mesmo, sem pai ou mãe. Pedindo esmola, comida e que estigmatizados tiveram como único ponto de apoio a droga, grande salvadora com o poder de possibilitar alguns momentos no paraíso onde a miséria e o abandono não existem.
Estes sete jovens são apenas uma amostra do perfil de outros milhares que de vítimas passam a ser os grandes responsáveis pela violência. Bilinha, Barão, Beatriz e Sandro, não estão mais aqui, sobreviventes da chacina da Candelária, não conseguiram salvar-se de seus destinos. Anderson, viveu 10 anos em um abrigo, após perder seu avô perdeu o controle de sua vida também e morreu com cinco tiros ao assaltar um supermercado. Cinco jovens com o mesmo fim a morte, e se não tivessem mortos, estariam presos.
Outros Anderson, continuam nas ruas, privados de liberdade ou envolvidos no crime e agora é por estes que devemos lutar, lutar não no sentido de isentá-los da transgressão ou livrá-los do cumprimento de medidas sócio-educativas pelos atos cometidos, mas sim lutar para garantir políticas sociais eficientes e que sejam suficientemente estruturadas para competir com o crime organizado e resgatar nossos jovens desse poder paralelo.
Porém sem considerar a trajetória destes jovens e entender que foi o descaso social que os levou a tragédia, a sociedade continua levantando a bandeira da redução da maioridade penal, acusando o Estato da Criança e Adolescente pelo aumento do envolvimento de jovens no crime, sem analisar a violência estrutural a que eles são submetidos (miséria, desemprego, falta de apoio às famílias).
A as medidas repressivas e punitivas mostram-se ineficazes, mas continuamos querendo respostas imediatas a problemáticas históricas.
- Punição já! Gritam os conservadores. Engano! não é a redução ou a construção de novas unidades de internamento que trarão a paz tão desejada. Enquanto o debate explode, as pessoas estão dentro de suas casas, cercadas por inteligentes sistemas de proteção, como se não fizessem parte do caos, vivendo com o falso sentimento de segurança. Isentam-se do mundo e essa contradição os limita a fazer uma análise parcial dos fatos, na qual a única solução apresentada é o encarceramento do jovem “quanto mais cedo melhor”
Esse sensacionalismo barato e irracional parece estar ganhando a guerra mas não será uma batalha fácil, o debate ainda não finalizou. Assim como existiu Bilinha, Barão, Sandro, Beatriz e Anderson que não tiveram a oportunidade de viver, existe Adilson, Tato, Paulo, Esmeralda, vítimas do descaso social que bravamente vencem as barreiras, saindo das ruas, das drogas e do status de “menor abandonado” e tornam-se protagonistas de sua história. Qual a diferença destes jovens? Foram acolhidos num contexto que possibilitou sua reconstrução como sujeitos, merecedores de respeito e atenção não pela sua condição de vulnerabilidade ou pobreza mas pela sua condição de Ser Humano e hoje bravamente constrõem seu caminho. Essas vidas foram despertadas para o lazer, a cultura, o esporte, e também para educação diferente de outras que, infelizmente, foram despertadas pela criminalidade. Acreditar que a juventude pobre é o algoz da sociedade, e que seu lugar é no lixo das instituições carcerárias, apenas contribui para que ele assuma o papel de criminoso que lhe está sendo atribuído. É necessário reverter essa situação, o comportamento violento e a participação da juventude em ações criminosas não se enfrentará somente com intervenção policial ou ações educacionais mas também com a difusão de uma cultura da paz através de uma linguagem jovem que promova interlocução com o imaginário da juventude.
Sami

7 comentários:

Unknown disse...

Concordo com suas reflexões. Quem conhece e acompanha ao menos de longe a história dos menores infratores em nosso país, pode verificar o quanto o Estado é negligente e as medidas sócioeducativas previstas pelo ECA, estão muito aquém de nossa realidade. É triste acompanhar uma discussão como esta, e saber que está prestes a ser aprovado uma lei, que todos sabemos não resolverá a situação de insegurança ou sequer reduzir a criminalidade. Mas ao contrário fará destes menores, talvez grandes criminosos da nossa sociedade num futuro não muito distante.

beans disse...

primeiro adorei o novo blog! já está linkado no meu hehe...

segundo, também concordo com você nessa questão. a redução da maioridade penal não mudará em nada a situação do jovem brasileiro. é uma pena que setores de nossa sociedade tenham uma visão tão medíocre, preconceituosa e imediatista das causas da violência.

terceiro, sua reflexão sobre o rio expresa exatamente o que senti qd fui pra lá! cidade maravilhosa e contraditória!

beans disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
beans disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
olegado disse...

Aff
mas onde se escondia tanta catarse?
adorei isso aki, consulta obrigatória...

bejão

Anônimo disse...

Como sempre é mais fácil tapar o sol com a peneira e mais uma vez, as soluções estão sendo baseadas nessa "máxima". Acreditar que dimunuir a maioridade penal seja solução para a violência nada mais é que contentar pessoas que preferem transferir responsabilidades a assumi-la não se preocupando com consequências futuras. Infelizmente essa atitudes inconsequêntes e de pura conveniência ainda predominam numa sociedade omissa e embasada em hipocrisia, porém, desistir nunca!
Vale a pena continuarmos essa luta e com certeza,o tempo mostrará de que lado se encontra o equilíbrio, a atitude consciente e a razão.

Eliete disse...

E eu que nem sabia que esta mulher tinha um blog??????????????
Gostei das discussões, vou virar leitora assídua..hehe..E comentar sempre que possível, de uma maneira mais inteligente do que esta...Foi só a primeira vez, um confetinho inicial sem nenhum propósito não faz mal, né?
Beijo grande